Publicado em 10/12/2021

Último Encontro Folha Business do ano recebe o ministro Fábio Faria

Além do ministro das Comunicações, o evento contou com a participação do renomado economista Mansueto Almeida e do gestor do Fundo Soberano Marcel Malczewski. O tom geral dos palestrantes foi de otimismo em relação a 2022.

Em um clima geral de otimismo, apesar da exposição clara acerca dos desafios que serão enfrentados em 2022, como eleições polarizadas, o dólar ainda alto e a dívida pública em patamares incômodos, o 6º Encontro Folha Business, realizado pela Rede Vitória e pela Apex Partners, reuniu na manhã desta terça-feira, dia 7, no Le Buffet Master, representantes das principais empresas e do poder público do Espírito Santo em torno de temas de grande relevância.

A abertura ficou por conta do CEO da Apex Partners, Angelo Chieppe Dalla Bernardina, que explicou o propósito do evento, que integra o projeto de levar conteúdo de negócios de qualidade ao capixaba. “Queríamos fazer diferente. Dar voz ao Brasil que dá certo sem o viés político e ideológico”, contou.

Ângelo Dalla Bernardina | Foto: Vitor Machado

Logo em seguida, teve início o painel com o economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, mediado pelo head de Growth da Apex Partners, Victor Casagrande, que iniciou enaltecendo a importância de diferenciar a comunicação confiável do ruído de incertezas que rondam o Brasil. Em concordância, Mansueto informou que o Brasil encerra 2021 com dados melhores que os previstos seis meses atrás.

Vitor Casagrande | Foto: Vitor Machado

“Tudo indica que teremos crescimento do PIB de 4,5%, com indicadores fiscais e de endividamento também melhores. O preço dos ativos ainda está machucado, mas todos os bancos estimam que nos próximos anos o dólar estará abaixo do valor atual. Mesmo com o furo do teto dos gastos, a dívida primária será menor que a anterior ao governo atual. O cenário é positivo. Se ficar claro que o governo não fará mudanças fiscais, o dólar vai ceder, pois o preço dele hoje é reflexo do risco de curto prazo”, citou.

O economista ainda defendeu que não se deve temer a eleição de 2022. “Eleições são oportunidades para se debater os problemas do país. O que nenhum candidato pode abrir mão é da responsabilidade fiscal, isso independe da cor do partido”, disse Mansueto lembrando ainda da alta carga tributária do Brasil, de 33% do PIB. “Hoje não há espaço para reduzi-la porque as contas estão no vermelho. Mas um sistema mais eficiente e uniforme e menos custoso trará melhorias para todos”, concluiu o

economista, elencando serem as reformas tributária e administrativa as ações mais importantes para o próximo governo.

5G e Elon Musk

O evento contou ainda com a participação do ministro das Comunicações, Fábio Faria, em painel mediado pelo empresário Marcus Buaiz. Declarando que o leilão do 5G foi o grande desafio do seu ministério até aqui, Fábio garantiu que até julho de 2022 a tecnologia estará funcionando nas 27 capitais do país. “Serão R$ 42 milhões de investimentos. Vamos conectar BRs, cidades, escolas e 39 milhões de pessoas que hoje não têm acesso à internet. No Espírito Santo, um Estado montanhoso, não teremos mais sombras e interferências, pois será tudo por fibra óptica”, comentou.

Marcus Buaiz (esq.) e o Ministro Fábio Faria (dir.) | Foto: Vitor Machado

Embasado no crescimento que os Estados Unidos tiveram após a implantação do 5G, Fábio adiantou que a previsão é que aqui o Produto Interno Bruto (PIB) também cresça. “O 4G mudou a vida das pessoas. O 5G vai mudar as indústrias, o agronegócio, o comércio, os serviços. Abriremos as portas para as empresas tecnológicas, pois o Brasil estará preparado para as tecnologias digitais. Vai ser uma revolução”, relatou.

Recentemente em contato com o CEO da SpaceX, Elon Musk, o ministro explicou que sua intenção é usar os satélites do empreendedor para “colocar os olhos sobre a Amazônia”. “O principal problema ao conversarmos com investidores externos é o meio ambiente. As notícias daqui são muito ruins. Alguns desses satélites são capazes de detectar até o barulho da serra elétrica. Vamos usar a tecnologia para combater o desmatamento ilegal, além de conectar à internet cerca de 14.500 escolas rurais. Apesar da discussão sobre a soberania nacional, o fato é que os satélites já estão lá nos olhando. Temos que decidir se queremos utilizá-los para entender o que de fato está acontecendo e agir”, esclareceu.

Fundo soberano

Na sequência, o tema em questão foi o Fundo Soberano (fundo de investimento em participações do Bandes) abordado por Marcel Malczewski, CEO da TM3 Capital, empresa escolhida para ser a gestora do Fundo Soberano; e Filipe Caldas, sócio-fundador da Carbyne Investimentos; com mediação do head do Folha Business, Ricardo Frizera.

Filipe Caldas (esq.) / Ricardo Frizera (meio.) / Marcel Malczewski (dir.) | Foto: Vitor Machado

Com o valor liberado de R$ 250 milhões, proveniente dos royalties do petróleo para dinamizar e diversificar a matriz econômica capixaba, Marcel explicou não existir outro similar no país. “Serão 5 anos para investir e 5 para desinvestir. A proposta envolve o investimento em startups, empresas maduras e também na aceleração de ideias e empreendedores digitais. Seremos bastante criteriosos na escolha das investidas, porque o fundo precisa gerar lucro para ter um ciclo virtuoso, ter retorno e voltar a investir em outras”, explica.

Questionado por Ricardo acerca da não interferência política na gestão do fundo, Marcel explicou que o regulamento prevê que a participação do Bandes termina com a contratação do gestor. “Não existe hipótese de interferência política. Valerá a técnica baseada na experiência e no track record da gestora do fundo”, esclarece.

Para o CEO, o Estado caminha rápido para uma transformação como a que aconteceu em Florianópolis, um caso clássico de ação induzida pela inovação. “O Espírito Santo é um Estado responsável e não tenho dúvida de que isso vai acontecer aqui também. Temos 240 oportunidades de investimentos já mapeadas que receberão nossas visitas. Nosso compromisso é acelerar, gerando empregos de alto poder aquisitivo”, esclarece.

Encerramento

O encerramento do 6º Encontro Folha Business aconteceu com a participação da fundadora da Adcos, Ada Mota, e do CEO da Apex Partners, Fernando Cinelli, em um painel mediado pelo managing director da APX Invest, Pedro Chieppe Ferraço. Otimistas, os três apontaram para um futuro de investimentos e oportunidades.

“Olho para o Espírito Santo com otimismo, mas de forma fundamentada. O Estado tem vocação logística, está bem localizado e possui incentivos fiscais. Nossa economia tem sido reconhecida como saudável. Estou bastante animada e o nosso projeto para 2022 inclui diversos investimentos”, conta Ada.

O mesmo ponto de vista demonstrou Fernando. “Não estou vendo nenhum empresário puxando o freio de mão. Temos aderência de respostas positivas de pessoas realizando investimentos, construindo a base para crescer. Dessa vez, os investimentos são privados, então são mais perenes”, celebrou o CEO, informando ainda que a Apex em 2022 se expandirá para seis novas cidades, interiorizando o ecossistema para todo o Espírito Santo.

O 6º Encontro Folha Business pode ser conferido na íntegra no jornal on-line Folha Vitória clicando aqui.