Publicado em 29/11/2021

Inovação e acesso ao crédito em pauta no 1º Encontro Agro Business

Os temas foram debatidos no último dia 26, em Linhares, com produtores rurais, empresários e políticos. O encontro também foi transmitido on-line e pode ser conferido aqui.

A manhã de sexta-feira, dia 26, foi de compartilhamento de informação de qualidade no 1º Encontro Agro Business, realizado pela Rede Vitória e pela Apex Partners, no Solarium Cerimonial & Eventos em Linhares, a capital do agronegócio do Estado. O encontro, que também foi transmitido on-line e pode ser conferido na íntegra aqui, contou com a presença de produtores rurais, empresários de diferentes setores e políticos.

Prestigiando a iniciativa, o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, destacou a importância da socialização das boas práticas do agronegócio.

“Agradeço por Linhares ter sido escolhida para sediar o evento. A cidade tem sido, ao longo das duas últimas décadas, a que mais tem anunciado investimentos no Espírito Santo. Olhamos e perseguimos o futuro. Isso tem que acontecer no Estado e no país”, comenta Guerino.

Foto: Vinicius Arêdes

Em concordância com o prefeito, o fundador da Apex Partners, Fernando Cinelli, revelou que a empresa tem olhado para o município de uma forma diferente.

“Estamos trazendo parte da nossa operação para Linhares para oferecer todo sistema de soluções em negócios que temos. Aqui é a terra da oportunidade e estamos fazendo investimentos concretos para somar com vocês. Nossa agenda será constante, dialogando para construir projetos”, explica Fernando.

Foto: Vinicius Arêdes

Painéis

Na sequência, o primeiro painel contou com a apresentação das startups Olho do Dono (pesagem do gado por câmera 3D), Mwowa (gestão para o pequeno e médio produtor), Agrai (plataforma que potencializa a comercialização de frutas, verduras e legumes) e Raks (irrigação inteligente da lavoura), todas voltadas para produzir mais, utilizando menos recursos e com mais gestão e tecnologia.

A mediação ficou por conta da colunista do Agro Business, Stefany Sampaio, que iniciou sua participação reforçando o propósito do encontro.

“Se antes jovens como eu não tinham motivos para ficar no campo, nós mostraremos que é possível inovar, levar tecnologia e construir uma cidade e um campo mais fortes”, explica Stefany.

Foto: Vinicius Arêdes

Em resumo, a CEO da Raks, Fabiane Kuhn, enfatizou que o agronegócio brasileiro é referência no mundo todo e que a união da tecnologia com a produção de excelência do país representará o “agro do futuro”. Já o fundador Mwowa, Igor Reuter, lembrou que o manejo integrado financeiro é tão importante quanto o das pragas e que, apesar dos investidores e do crédito disponível, é preciso ter governança para ter acesso.

“A cabeça aberta à inovação é o que vai impulsionar também a empresa do campo. A gente vê cada vez mais produtores empresários, que entendem a terra como ativo. As que tiverem o modelo mais eficaz de produção vão crescer”, vislumbra Igor.

Abrindo o segundo painel, o estrategista-chefe da APX Invest, Tiago Pessotti, que fez a mediação da conversa, destacou a resiliência do setor agro, uma vez que ele cresce a despeito de toda crise na economia nacional. Um dos participantes, o diretor-presidente do Bandes, Munir Abud, enfatizou que 85% dos empregos capixabas é alicerçado no agronegócio e que existem boas oportunidades de crédito.

“Poucos Estados do país possuem um banco de desenvolvimento e o produtor rural precisa fazer uso dos recursos que temos disponíveis, que são da sociedade capixaba”, conclama Munir.

Foto: Arthur Louzada

Já o diretor executivo do Sicoob-ES, Nailson Dalla Bernardina, defendeu que o mercado financeiro precisa continuar se modernizando para ter novas modalidades que atendam o campo, inclusive na área securitária.

“O agro é pujante, resiliente e moderno, mas ainda precisamos comunica-lo mais às novas gerações, trabalhar com infraestrutura, integrar cadeias produtivas, falar de sucesso no meio rural e ter um ecossistema de crédito funcionando bem para atender o setor”, explicou Nailson.

Foto: Arthur Louzada

O terceiro painel, mediado pelo sócio da Apex Partners e managing director da APX Invest, Pedro Chieppe Ferraço, pontuou a volatilidade do mercado financeiro em contraponto com a força do agronegócio. O diretor Comercial e Marketing da Brametal, Alexandre Schmidt, disse que considera o setor um benchmarking e a “grande aposta do Brasil”, alertando, entretanto, para o risco da falta de insumo e infraestrutura de toda cadeia.


Foto: Arthur Louzada

O presidente da Laticínios Damare, Cláudio Rezende, abordou a conexão do agro com diversos outros setores, a importância da industrialização dos produtos aqui e o novo sentimento em relação ao campo.

“No passado, o pai falava para filho estudar e sair da terra. Hoje é possível fazer renda no agro e viver bem. Precisamos levar expectativa, sonho, mostrar como fazer melhor, com tecnologia, como produzir mais em menor área e no espaço que sobrou desenvolver nova renda para sair da dependência de um único produto”, revela Cláudio.

Encerramento

Finalizando, o último painel contou com o head do Folha Business, Ricardo Frizera, que lembrou que o agro tem sido um aprendizado também para ele. O vice-presidente de agronegócio do Banco do Brasil, Renato Naegele, destacou que, apesar das intempéries, o agro está num momento bom há décadas, o que mostra que ele é um sistema econômico robusto, que propulsiona o crescimento do Brasil, porque tem tecnologia embarcada, acesso a mercados externos e a competência dos produtores e pecuaristas.

Renato acredita que o aumento da taxa de juros é momentâneo, fruto de uma disfunção no sistema produtivo, mas que a perspectiva do produtor deve ser de longo prazo. Ele abordou ainda a importante entrada das novas gerações no ramo, com um mindset digital e a questão da sucessão gradual. “A combinação rica da experiência prática do patriarca e do aprendizado que o filho traz da faculdade é o novo agro. O banco tem trabalhado nesta cadeia de valor”, falou Renato, que acredita ainda no poder da conectividade no campo.

“As operadoras estão interessadas nisso e não tenho dúvida que isso vai dar gerar uma aceleração. Não costumo ser otimista, sou mais realista, mas acredito que existam fundamentos sólidos para que o agronegócio dê um novo salto de produtividade. Não tenho dúvidas que o Brasil será uma grande potência agrícola a serviço da segurança alimentar do mundo”, finalizou o vice-presidente.

Foto: Vinicius Arêdes

Próximo encontro

A segunda edição do Encontro Agro Business já tem data marcada. Acontecerá no dia 7 de dezembro. Mais informações serão divulgadas em breve no Folha Vitória.